Lançada primeira Agenda 21 de área de Resex do Pará

19 de maio de 2009.

Foi implantado no último sábado, 16, em Curuçá, nordeste do Pará, o primeiro Fórum permanente da Agenda 21 de uma área de Reserva Extrativista do Estado. O lançamento contou com a participação de autoridades políticas e lideranças comunitárias. Foram apresentados os indicadores socioambientais reunidos nos últimos doze meses em pesquisas e encontros temáticos com cerca de 50 comunidades tradicionais que habitam no entorno da Resex. A área tem mais de 37 mil hectares e possui um dos maiores manguezais contínuos do mundo.  A iniciativa é do projeto Casa da Virada, do Instituto Peabiru e Petrobrás Ambiental.

O Fórum é responsável por formular e gerenciar o Plano Comunitário de Desenvolvimento Sustentável de Curuçá, a partir das demandas e potencialidades apresentadas pelas comunidades de pescadores, catadores de caranguejo e pequenos agricultores. “Durante esse período de encontros, cada comunidade apresentou suas principais necessidades. Com o Fórum, as pessoas discutem seus próprios problemas e pensam nas soluções”, explica Hermógenes Sá, coordenador do projeto Casa da Virada.

A falta de transporte público é uma das reivindicações das comunidades. Sem locomoção, as famílias acabam isoladas, sem acesso a escola, posto de saúde e outros serviços. Além de transporte, saúde, trabalho e renda, educação, lixo e segurança pública são algumas das áreas de interesse das comunidades inseridas no Fórum.

A Agenda 21 é um instrumento de planejamento sócio-ambiental criado na Conferência Eco-92, no Rio de Janeiro, em 1992. Este tipo de documento contribui para uma reflexão global e local dos problemas das populações e da relação entre desenvolvimento e meio ambiente. Reúne governos, empresas, organizações não-governamentais, associações e comunidades na busca de soluções sustentáveis para os problemas socioambientais.

Em Curuçá, através do projeto Casa da Virada, foi construída uma Agenda 21 participativa, em contato direto com cerca de 50 comunidades tradicionais. “Junto com eles foi possível elaborar indicadores sociais que podem orientar as políticas públicas e, principalmente, o manejo dos recursos naturais e sociais”, afirma Sá.  

COMERCIALIZAÇÃO DE MEL VIRA ALTERNATIVA DE RENDA



11 de maio de 2009

Pequenos agricultores aprenderam a criar abelhas sem ferrão, espécie nativa da Amazônia, para produzir mel e gerar renda complementar para as famílias. Já são cinco comunidades tradicionais que habitam a Resex Mãe Grande Curuçá, no nordeste do Pará, inseridas no programa de Meliponicultura desenvolvido pela Casa da Virada, do Instituto Peabiru, ONG que atua na geração de valores para a conservação da biosociodiversidade da Amazônia.

 O público alvo são as mulheres das comunidades tradicionais. Populações que vivem da agricultura, da pesca e da coleta de caranguejos. Na maioria das vezes, as mulheres desempenham a função de donas de casa e não têm oportunidade de trabalho e renda onde vivem. Para Nilene Silva Pinheiro, uma das participantes do projeto, a produção e comercialização do mel das abelhas nativas está mudando a vida dela. “Temos força de trabalho para continuar cultivar as abelhas e ter o retorno que esperamos”, afirma.

Na comunidade de São Pedro, em Curuçá, onde vive Nilene, são 54 caixas de criação de abelhas. Ao todo, na Resex Mãe Grande Curuçá as comunidades estão cultivando cerca de quinhentas colmeias. As abelhas nativas da Amazônia  são conhecidas como melíponas ou abelhas sem ferrão.

O mel produzido por essas abelhas é altamente valorizado para fins alimentares e medicinais, além de pólen e cera. As abelhas prestam, gratuitamente, o serviço de polinização de diversas plantas úteis ao homem e fundamentais para a manutenção da biodiversidade, além de desestimularem o desmatamento e as queimadas. “Depois que começamos a criar as abelhas a mata ao redor do meliponário mudou. As árvores frutíferas carregaram muito esse ano. Deu muito mais muruci e outras frutas, que ficaram maiores também”, conta Nilene.

Além dos benefícios ao meio ambiente, a produção de mel de abelhas sem ferrão é uma atividade econômica com muito potencial. “A meliponicultura é uma atividade bastante viável para a agricultura familiar por causa dos baixos custos envolvidos na criação destas abelhas e do elevado valor de mercado do mel, principal produto comercializado”, afirma Hermógenes Sá, coordenador da Casa da Virada.

Como parte do projeto, a Casa da Virada está criando uma empresa para comercializar o mel. Esta empresa contará com a participação dos próprios produtores, de investidores e do Peabiru e as ONGs associadas ao projeto, afirma Sá.