PRAIA DA ROMANA É OPÇÃO PARA ECOTURISTAS NO PARÁ


20 de julho de 2009.


Através de iniciativas de turismo de base comunitária, a praia deserta de Curuçá, no nordeste do Pará, atrai estrangeiros em busca de aventura e contato com a natureza

A oito quilômetros do município de Curuçá, no nordeste do Pará, está localizada a primeira praia em mar aberto depois da foz do Amazonas. A praia da Romana é um dos pedaços mais bonitos e menos explorados do litoral paraense. São 14 quilômetros de areia branca e dunas. Lugar pintado de vermelho pela revoada dos guarás. Uma beleza deserta e conhecida ainda por poucos. A maioria dos que já visitaram este paraíso são estrangeiros. Vivem ali pescadores e agricultores habitantes da Reserva Extrativista Mãe Grande, que abriga um dos maiores manguezais contínuos do mundo, cerca de 37 mil hectares.

A Romana ficou mais conhecida através de ações de turismo de base comunitária. Em parceria com a Casa da Virada, projeto da ONG Intituto Peabiru, a comunidade criou roteiros de ecoturismo e contribuiu para a fundação do Intituto Tapiaim, que organiza as trilhas e conduz os visitantes, mostrando as belezas e riquezas do mangue e a cultura dos pescadores e catadores de caranguejo que vivem no local.

A iniciativa é tão pioneira que representantes do Insituto Tapiaim, todos curuçaenses, foram participar no início deste mês do IV Salão de Turismo Anhembi, em São Paulo. O trabalho realizado em Curuçá atraiu o interesse de muitas pessoas e também especialistas da área. O Instituto Tapiaim é um dos 50 projetos de turismo de base comunitária selecionados para receber apoio do Ministério do Turismo.

DE CURUÇÁ PARA O MUNDO

Com menos de um ano de trabalho, o Instituto Tapiaim já levou para a Praia da Romana aproximadamente 100 turistas. Cerca de 70% foram entrangeiros. O primeiro grupo foi de estudantes canadenses. Os roteiros são comercializados por duas agências de ecoturismo, uma em Belém e outra em São Paulo.

De acordo com Ana Gabriela Fontoura, da agência que comercializa os roteiros em Belém, lugares como a praia da Romana tem um grande potencial para se tornarem destinos de ecoturismo no Brasil. “Já foram nove grupos, sete de estrangeiros. É um resultado ótimo para o pouco tempo de trabalho”, afirma. Ela destaca o pioneirismo da iniciativa, única a operar turismo de base comunitária na região do Salgado paraense.

Os monitores do Tapiaim conduzem os visitantes nas trilhas, preparam a hospedagem e mostram como se vive na região. Os passeios incluem almoço de comidas regionais com a comunidade, banho de igarapé e praias, passeio pelo mangue e parada para ver gaivotas, maçaricos e gaviões. É possível conhecer também a produção artesanal da farinha. A hopedagem é feita em casas rústicas, mas bem preparadas para receber os turistas. É uma experiência de imersão na cultura de pescadores, catadores de caranguejo, marisqueiras e pequenos agricultores.

ECOTURISMO: EMPREGO E RENDA PARA A COMUNIDADE

O Instituto Tapiaim é formado por jovens de Curuçá, que descobriram no turismo de base comunitária uma oportunidade de emprego e renda. A ideia do grupo, na maioria filhos de pescadores, catadores de caranguejo e pequenos agricultores, surgiu após um curso de formação em monitores de ecoturismo, promovido pelo projeto Casa da Virada. “Para criar oportunidades de trabalho para os jovens das comunidades rurais da Resex nós formamos 25 monitores em ecoturismo”, destaca Hermógenes Sá, coordenador da Casa da Virada.

Para Wherlleson Moreno, de 29 anos, o curso despertou nos jovens a vontade de conservar e valorizar as riquezas naturais da cidade e principalmente as tradições culturais. “Trazendo pessoas para conhecer a nossa cidade e o nosso modo de viver, valorizamos nossos artistas, nossa cultura, e contribuímos para que a nossa história não se perca”, afirma o monitor, um dos idealizadores do Instituto Tapiaim.

COMUNIDADES TRADICIONAIS DE RESERVA EXTRATIVISTA ELEGEM REPRESENTANTES

3 de julho de 2009.

As comunidades de pescadores, catadores de caranguejo e pequenos agricultures que vivem no entorno da Reserva Extrativista Mãe Grande Curuçá, no nordeste do Pará, elegem neste sábado, 04, no município de Curuçá, a primeira equipe de coordenação do Fórum Permanente da Agenda 21 da Resex.

Trata-se da primeira Agenda 21 de uma área de Resex implantada no Pará. Após a escolha dos representantes, sera aprovado o regimento interno do Fórum Permanente. Para formulação da Agenda 21, foram reunidos nos últimos doze meses indicadores socioambientais em pesquisas e encontros temáticos com cerca de 50 comunidades tradicionais que habitam no entorno da Resex. A área tem mais de 37 mil hectares e possui um dos maiores manguezais contínuos do mundo. A iniciativa é do projeto Casa da Virada, do Instituto Peabiru e Petrobrás Ambiental.

O Fórum é responsável por formular e gerenciar o Plano Comunitário de Desenvolvimento Sustentável de Curuçá, a partir das demandas e potencialidades apresentadas pelas comunidades. “Durante esse período de encontros, cada comunidade apresentou suas principais necessidades. Com o Fórum, as pessoas discutem seus próprios problemas e pensam nas soluções”, explica Hermógenes Sá, coordenador do projeto Casa da Virada.

A falta de transporte público é uma das reivindicações das comunidades. Sem locomoção, as famílias acabam isoladas, sem acesso a escola, posto de saúde e outros serviços. Além de transporte, saúde, trabalho e renda, educação, lixo e segurança pública são algumas das áreas de interesse das comunidades inseridas no Fórum.

A Agenda 21 é um instrumento de planejamento sócio-ambiental criado na Conferência Eco-92, no Rio de Janeiro, em 1992. Este tipo de documento contribui para uma reflexão global e local dos problemas das populações e da relação entre desenvolvimento e meio ambiente. Reúne governos, empresas, organizações não-governamentais, associações e comunidades na busca de soluções sustentáveis para os problemas socioambientais.

Em Curuçá, através do projeto Casa da Virada, foi construída uma Agenda 21 participativa, em contato direto com cerca de 50 comunidades tradicionais. “Junto com eles foi possível elaborar indicadores sociais que podem orientar as políticas públicas e, principalmente, o manejo dos recursos naturais e sociais”, afirma Sá.