A oito quilômetros do município de Curuçá, no nordeste do Pará, está localizada a primeira praia em mar aberto depois da foz do Amazonas. A praia da Romana é um dos pedaços mais bonitos e menos explorados do litoral paraense. São 14 quilômetros de areia branca e dunas. Lugar pintado de vermelho pela revoada dos guarás. Uma beleza deserta e conhecida ainda por poucos. A maioria dos que já visitaram este paraíso são estrangeiros. Vivem ali pescadores e agricultores habitantes da Reserva Extrativista Mãe Grande, que abriga um dos maiores manguezais contínuos do mundo, cerca de 37 mil hectares.
A Romana ficou mais conhecida através de ações de turismo de base comunitária. Em parceria com a Casa da Virada, projeto da ONG Intituto Peabiru, a comunidade criou roteiros de ecoturismo e contribuiu para a fundação do Intituto Tapiaim, que organiza as trilhas e conduz os visitantes, mostrando as belezas e riquezas do mangue e a cultura dos pescadores e catadores de caranguejo que vivem no local.
A iniciativa é tão pioneira que representantes do Insituto Tapiaim, todos curuçaenses, foram participar no início deste mês do IV Salão de Turismo Anhembi, em São Paulo. O trabalho realizado em Curuçá atraiu o interesse de muitas pessoas e também especialistas da área. O Instituto Tapiaim é um dos 50 projetos de turismo de base comunitária selecionados para receber apoio do Ministério do Turismo.
DE CURUÇÁ PARA O MUNDO
Com menos de um ano de trabalho, o Instituto Tapiaim já levou para a Praia da Romana aproximadamente 100 turistas. Cerca de 70% foram entrangeiros. O primeiro grupo foi de estudantes canadenses. Os roteiros são comercializados por duas agências de ecoturismo, uma em Belém e outra em São Paulo.
De acordo com Ana Gabriela Fontoura, da agência que comercializa os roteiros em Belém, lugares como a praia da Romana tem um grande potencial para se tornarem destinos de ecoturismo no Brasil. “Já foram nove grupos, sete de estrangeiros. É um resultado ótimo para o pouco tempo de trabalho”, afirma. Ela destaca o pioneirismo da iniciativa, única a operar turismo de base comunitária na região do Salgado paraense.
Os monitores do Tapiaim conduzem os visitantes nas trilhas, preparam a hospedagem e mostram como se vive na região. Os passeios incluem almoço de comidas regionais com a comunidade, banho de igarapé e praias, passeio pelo mangue e parada para ver gaivotas, maçaricos e gaviões. É possível conhecer também a produção artesanal da farinha. A hopedagem é feita em casas rústicas, mas bem preparadas para receber os turistas. É uma experiência de imersão na cultura de pescadores, catadores de caranguejo, marisqueiras e pequenos agricultores.
ECOTURISMO: EMPREGO E RENDA PARA A COMUNIDADE
O Instituto Tapiaim é formado por jovens de Curuçá, que descobriram no turismo de base comunitária uma oportunidade de emprego e renda. A ideia do grupo, na maioria filhos de pescadores, catadores de caranguejo e pequenos agricultores, surgiu após um curso de formação em monitores de ecoturismo, promovido pelo projeto Casa da Virada. “Para criar oportunidades de trabalho para os jovens das comunidades rurais da Resex nós formamos 25 monitores em ecoturismo”, destaca Hermógenes Sá, coordenador da Casa da Virada.